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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Paulo Emílio, exemplo de superação no tiro com arco

Olá, pessoas!
Gostaria de dividir com vocês, desta vez, o prazer que tive na minha entrevista com Paulo Emílio. Ele é deficiente físico e compete no Tiro com Arco. Produzi esta matéria como trabalho final para a disciplina "Jornalismo Esportivo". Espero que curtam, porque eu adorei fazer! =)
Só não tirei fotos dele no dia! =/

 
Paulo Emílio, exemplo de superação no tiro com arco




O carioca Paulo Emílio, de 58 anos, sempre gostou de esporte. Porém, no ano de 1995, um assalto mudou o rumo da sua vida. Paulo, que morava em Recife, foi atingido por um tiro que o deixou paraplégico. Ele era tenente-coronel do Exército, foi reformado e hoje se dedica exclusivamente ao esporte. Compete no tiro com arco desde 2001, na categoria ASW2, para paraplégicos e faz parte da Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos, a Andef. As paraolimpíadas de 2016 ainda são um sonho distante, mas ele afirma que quer realizá-lo e sempre treina com este objetivo. Segue abaixo a entrevista feita com Paulo Emílio na sede da Andef, em Pendotiba, Niterói, durante um de seus treinos.

Por que a escolha pelo tiro com arco?
            Foi uma escolha sem querer. Eu era funcionário de uma antiga associação que não existe mais, a Associação Brasileira de Esporte em Cadeira de Rodas, ABRADECAR, que era uma das filiadas ao Comitê Paraolímpico. Lá eu era conselheiro fiscal e fui convidado pela associação para fiscalizar uma competição que ocorreu lá em Fortaleza, na Universidade Federal do Ceará. Chegando lá, havia um técnico de tiro com arco chamado Renato Emílio, que é carioca e não tem nada a ver comigo, mesmo tendo o nome Emílio, assim como eu. O Renato Emílio estava fazendo uma demonstração, uma espécie de workshop para deficientes. Eu fui chamado então, como convidado, já que eu era deficiente, pra eu puxar um arco. Puxei, gostei e estou até hoje.

Como sua família reagiu quando você disse que ia realmente se dedicar ao esporte? Praticou algum outro esporte?
            Bom, minha família me apóia, né, porque o esporte pro deficiente físico é uma válvula de escape. Se todo dia eu não vier pra cá e não brigar um pouco com o Bruno (ajudante do atleta durante os treinamentos), eu não me sinto bem, tem alguma coisa faltando. Além do tiro com arco, antes eu fazia natação, basquete e tênis de mesa, competindo em todos eles.  Hoje em dia eu pratico só por lazer, tênis e natação. O tiro com arco é competição mesmo.

Quantos prêmios você tem em tiro com arco?
            Eu fui o primeiro campeão do primeiro Campeonato Brasileiro Paradesportivo, que foi em Brasília. No segundo eu fiquei em terceiro lugar e no terceiro eu ganhei de novo. Sou bicampeão. Participei também de três eventos internacionais, na Itália, na Espanha e aqui no Brasil. A minha categoria é ARW2, que significa arqueiro na cadeira de rodas, com lesão na medula torácica. Ou seja, paraplégico. São três categorias básicas: ARW1, de tetraplégicos, ARW2, paraplégicos e ARST, amputados que atiram em pé ou sentados, mas com apoio.


Tem o objetivo de ir a alguma paraolimpíada?
      Eu já estou um pouco velho pra isso. Tenho 58 anos. Paraolimpíada pra mim é muito difícil, os índices são altos. Só vão para paraolimpíadas os melhores do país, né? Então eu tenho que ser o melhor dos melhores. No momento eu tenho que superar a mim mesmo. Mas há a vontade e estou treinando pra isso. A gente chega lá.

Como foi a reação da sua família, e a sua também, ao saber que você havia ficado deficiente?
            Como toda família reage. As desgraças, as tragédias desequilibram tanto quem sofre quanto a família. Ela também é muito afetada. A gente pode ver isso nas novelas mesmo. O entorno da família, dos amigos, o trabalho da pessoa, tudo sofre com ele. Eu era tenente-coronel do exército, ia comandar uma unidade. Tinha 45 anos, era jovem ainda. Tive que ser reformado no exército. Isso desequilibra muito o psicológico, mas a gente supera.

Depois de se tornar deficiente, demorou quanto tempo para entrar no esporte?
            Imediatamente. Na própria reabilitação que eu sofri lá no Sarah (Hospital de Reabilitação Sarah Kubitschek), eu comecei a jogar basquete e a nadar. A natação e o basquete foram meus dois primeiros esportes. A natação porque você ta no meio líquido, seu corpo fica mais solto, você começa a trabalhar as articulações. O basquete porque ocupa tua cabeça e é um esporte coletivo. Isso é muito bom.

Como é a sua rotina de treinos?
            Eu treino de quatro a cinco vezes por semana, três horas por dia. Faço um aquecimento tocando a cadeira. Em seguida, atiro a distâncias curtas, de uns oito, dez metros. Depois eu atiro a 30 e a 50. Aqui eu só posso atirar até 50 metros, por causa do espaço e por segurança.

Ter sido militar ajudou no seu condicionamento físico?
      Não só no condicionamento físico como também no técnico, porque eu era atirador.

E antes, você já fazia algum esporte por lazer?
            Eu fazia esporte de competição, era esgrimista. Fui esgrimista do Flamengo durante muitos anos. Fiz curso para dar aula na cadeira de rodas, para cadeirantes e para pessoas de pé. Eu sempre fui bastante dedicado ao esporte. Ele é minha vida, é muito importante. É o que mantém minha mente ocupada, o que me evita de fazer besteira. Comecei a me dedicar ao esporte desde a época do colégio militar. Só não gosto de futebol. Meu irmão brincava comigo porque quando eu era garoto dizia que era Bangu, mas eu nunca me lembro disso.

Por curiosidade, como é este esporte para os tetraplégicos, já que eles não tem o movimento dos braços?
                  Alguns tetraplégicos conseguem empunhar o arco. Eles tem dificuldade na largada da flecha, mas existem uns dispositivos que facilitam. Eles podem ser presos na cadeira, para o equilíbrio de tronco, e também podem usar gatilho ou um arco mais fraco.


3 comentários:

Allan disse...

Muito boa a materia manu gostei muito está muito legal

Unknown disse...

GOSTEI MUITO DA MATÉRIA, EM 1991 E 1992 TIVE A OPORTUNIDADE DE TRABALHAR COM O TEN CEL PAULO EMÍLIO EM MANAUS, SEI O AMOR QUE ELE TINHA PELO ESPORTE, FICOU MUITO FELIZ PELA SUA SUPERAÇÃO,APRENDI MUITO COM ELE É SEI QUE ELE CONTINUA PASSANDO MUITO ENSINAMENTO. LEMBRO SEMPRE GANDO ELE ENTRAVA NA SALA É URRAVA SEU GRITO DE SELVA !!!!!!!

UMA GRANDE ABRAÇO A ELE DO 1. TEN R/2 ZADIR (zadiraraujo@ajzarquitetura.com.br)
se tiver oportunidade passe esse email a ele para contato

Unknown disse...

Olá Zadir, perdão pela demora! Mas tentarei fazer com que seu recado chegue até ele já amanhã!
E obrigada pelo comentário! =)